quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SEM LIMITES

Sem Limites - por Charles Monteiro - Turma 112

Antes de começar meu relato queria falar uma frase que me serve de inspiração: "Deus não escolhe os capacitados e sim capacita os escolhidos".
Eu fui escolhido, só que ao invés de ser capacitado, eu fui incapacitado, mas só que me tornei capaz de ser alguém, mais capaz que muitos.
Tinha 15 anos na época, morava na favela Bons Campos, na cidade de São Paulo, meu sonho era crescer no "mundo" da natação, por isso caminhava durante 1 hora, de minha casa até o centro de natação.
Minha família era pobre, conseguia frequentar o instituto por ajudar o diretor de lá, mas nem de ônibus eu ia para poupar, e todos em minha casa tinham muita esperança em mim. Eu morava com minha mãe, minhas duas irmãs mais novas, de 12 e 13 anos, e meu irmão mais velho, de 21 anos.
28 de outubro de 1993, quarta-feira, uma semana antes do meu aniversário, o treino daquele dia teve que ser mais tarde para mim em função de imprevistos com o treinador e meu trabalho, porém tinha um problema, 8 horas da noite era perigoso onde eu morava... e eu estava na rua, a algumas quadras de distância de minha casa, ouvi gritos, sirenes e tiros. Comecei a correr sem direção, até quando vi uma pessoa no outro lado da rua cair, corri mais, queria ir para longe...
12 de janeiro de 1994, eu já estava com 16 anos e perdi meu aniversário, natal, revellion... passei 2 meses e alguns dias em coma induzido e tive que passar mais 3 meses hospitalizado, pois naquela noite fui vítima de uma bala perdida, eu fui baleado nas costas, em um local delicado, medula óssea. meu sonho tinha se acabado, eu queria ultrapassar meus limites. Como faria isso preso a uma cadeira de rodas?
Meu mundo desabou em frente aos meus olhos e nada pude fazer, a não ser olhar tudo sentado...
Eu era muito novo para aquele dia, tentei me suicidar duas vezes no decorrer do tempo, uma me cortando e outra na banheira, afogado pela água que tanto amo, mas não tive sucesso nem para isso... para tudo eu precisava de ajuda. Minha vida mudou no momento em que vi um vídeo de um mexicano que tinha nascido sem os braços e, para ele, não fazia diferença... Então eu notei que o mais forte não é aquele que cai, e sim aquele que se levanta, por isso batalhei, voltei às piscinas e consegui passar lições a muitos jovens. Sinto orgulho em dizer que sou Benâncio Silva, de 32 anos, casado, 2 filhos, e que todo dia meus filhos dizem que querem ser eu quando forem adultos. Me orgulho muito de minhas medalhas e de saber que quando podia fazer o que queria eu tinha limites, agora realmente sou limitado... apenas para os outros.

Redação -  Tema Superação - narração ou comentário (texto opinativo) - Orientação da Professora Mara Machado

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